Ateliê Literário | Edição 42 - Março/2024

Bem-te-vi

Ilustração: Fernando Siniscalchi

Francilene Monteiro da Silva


Francilene Monteiro da Silva nos traz notícias sobre o sertão. O texto abaixo foi desenvolvido a partir da oficina "O sertão múltiplo", ministrada pelos professores Susana Souto, da Universidade Federal de Alagoas, e Joel Vieira, indígena Katokinn, professor e escritor, na Biblioteca de São Paulo, em janeiro de 2024,

Boa Leitura!


Da janela do meu quarto

Vejo o meu sertão

As lavadeiras saindo

Para lavar roupa no rio à mão.

Vejo os homens fortes, subindo no pau-de-arara

Para cortar cana do outro lado do sertão.

Um Bem-te-vi pousa na minha janela

E canta um canto na hora triste da espera.

Ao longe vão sumindo pela estrada

Vai-se a tropa caminhando

Os homens no pau-de-arara

As lavadeiras cantando

Ah, meu sertão! Tantas vezes tu me trazes aflição

E, mesmo ainda com essa sensação,

Sei que tu palpita o meu coração.

Meu Sertão, mau nunca lhe quis, e apesar dos pesares

Sempre bem-te-vi.