Ateliê Literário | Edição 50 - Novembro/2024
Resposta da Nega
Francilene Monteiro da Silva
* Texto produzido a partir da oficina “O povo brasileiro no Brasil Criolo - um diálogo entre crítica e o fazer literário”, ministrada pelos professores, pesquisadores e escritores, Nelson Flávio Moraes e Patricia Anunciada, na Biblioteca de São Paulo, em setembro de 2024.
Meu
cabelo nunca foi duro
E
sempre gostei de pentear
Quando
eu passar na Baixa do Tubo[1]
Não
me faça começar a gritar
Abaixa
tua bola aí,
abaixa
tua bola aí
(Pra
quê?) Pra respeitar o meu tom
Seja qual
for a minha cor
Preto,
amarelo ou violeta
Ninguém
tem licença pra passar batom na minha bochecha
Abaixa
tua bola aí,
abaixa
tua bola aí
(Pra
quê?) Pra respeitar o meu tom
Seja
ele qual for
Estou
farta do teu sangue azul
e da
tua boca cruel
E é através da minha luta que você vai virar réu.
[1]
Baixa do Tubo: Comunidade de Alto do Coqueirinho, localizada na periferia de
Salvador (BA).