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Lilia Schwarcz homenageia Lima Barreto em cerimônia de posse na ABL
A historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz assumiu a
cadeira 9 da Academia Brasileira de Letras em cerimônia realizada na sede da
instituição, no Rio de Janeiro, em junho. Ela sucede o diplomata e historiador
Alberto da Costa e Silva, grande estudioso sobre África e seu mentor. Em seu
discurso, Schwarcz lembrou ser apenas a 11ª mulher na ABL, fundada em 1897 e
que só aprovou a entrada feminina em 1976.
“A agenda da diversidade, aquela em que me formei, na
história e na antropologia, diz respeito à variedade e à convivência de ideias,
com vistas à alteridade”, disse. “Ainda vivemos, porém, em um país que é o
quinto maior na triste marca dos feminicídios e o campeão em transfeminicídios;
que penaliza mais o aborto do que o estupro; que desrespeita reservas e
direitos indígenas conquistados por quem vive há milênios em paz com a
floresta; que sistematicamente destrói seu meio ambiente”, continuou.
Professora sênior do Departamento de Antropologia da
Universidade de São Paulo (USP), com quase 30 livros publicados, sozinha ou em
parceria, é uma das principais estudiosas das questões raciais, tendo escrito
obras como O Espetáculo das Raças e a biografia Lima Barreto: Triste
Visionário. Durante sua fala, ela destacou as três tentativas frustradas de
Lima Barreto, autor negro que denunciava o racismo em suas obras.
Na ABL, Lilia vai dar continuidade à pesquisa de iconografia
de Machado de Assis, iniciada pelo historiador José Murilo de Carvalho, e deve
dar andamento ao trabalho de seu mentor Alberto da Costa e Silva, sobre a
memória feminina.
Fonte: Globo (15 jun. .2024)