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Mestre da Unifesp lança antologia sobre a obra do compositor Elpídio dos Santos

Divulgação Editora Unifesp

Um dos mais celebrados compositores brasileiros, Elpídio dos Santos (1909-1970), conhecido sobretudo por sua verve caipira, mas que também é autor de sucessos marcantes presentes no cancioneiro nacional de outros gêneros como o chorinho, a valsa, o baião e as marchinhas, acaba de ganhar uma profícua antologia das mais importantes para compreensão e conhecimento de sua extensa obra.

Elpídio dos Santos é natural de São Luiz do Paraitinga, cidade do Vale do Paraíba, cuja trajetória e produção foram impressas no livro de 368 páginas A Dor da Saudade – O Cancioneiro Caipira de Elpídio dos Santos, publicado pela editora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).  

O autor, Alexandre Rezende de Almeida, é mestre em Letras (Estudos Literários) pela Unifesp - Universidade Federal de São Paulo e graduado em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela Universidade de Taubaté, que se debruçou na linha do tempo que Elpídio dos Santos, principalmente entre as décadas dos anos 1950 e 1960, período áureo que assinou, inclusive, diversas trilhas para filmes de outro ícone da cultura caipira paulista: o genial Amácio Mazzaropi, que o considerava seu compositor preferido. O autor é Pindamonhangaba, munícipio do interior de São Paulo bem próximo à São Luiz do Paraitinga,

 

O livro trata do universo musical do compositor Elpídio dos Santos (1909-1970), com direcionamento para o gênero cancional caipira, área na qual obteve maior reconhecimento durante sua trajetória. Ele concebeu, ao longo de quatro décadas de atividade, cerca de mil obras nos mais variados gêneros, figurando entre os principais: caipira, samba, choro, valsa, baião, marchinha e samba-canção, embora apenas cerca de 70 canções tenham sido gravadas. Notabilizou-se principalmente entre as décadas de 1950 e 1960, ao compor diversas trilhas musicais para filmes de Mazzaropi, tendo sido o compositor preferido do cineasta para essa finalidade.

Além de apresentar a obra do compositor, de modo geral, a pesquisa também busca situá-lo no cenário musical de seu tempo e determinar sua atuação como criador de canções de temática caipira em diferentes estilos do gênero. Assim, ao tratar desses temas, a proposta busca valorizar e preservar a memória do compositor, trazendo à luz uma visão geral de seu discurso poético-musical, bem como dirigir o olhar para a relevância cultural da música caipira para nosso povo.

Assim, além de revelar o universo do biografado de modo geral, a pesquisa de Almeida, também situa Elpídio dos Santos no cenário musical de seu tempo e que determinou a atuação dele como criador de canções de temática caipira em diferentes estilos do gênero. Ao tratar desses temas, o escritor valoriza e preserva a memória do compositor enquanto traz à luz uma visão panorâmica do discurso poético-musical elpidiano, bem como dirige o olhar para a relevância cultural da música caipira para o povo brasileiro.

Elpídio dos Santos compôs canções que contêm a delicadeza dos hábitos interioranos, marca presente em seu repertório superior a 1.000 músicas ainda não totalmente catalogadas pela família e das quais, conforme Rezende pontua, pouco mais de 70 chegaram ao ouvido do público. Generoso e de relevância destacada para a tradição musical paulista, o compositor tinha o hábito de criar canções para presentear familiares e amigos, quase abrindo mão de receber por seu talento. Além de estimado por Mazzaropi, Elpídio transitou nas mesmas estradas com Mário Zan, Anacleto Rosas Júnior e Priminho, entre outros parceiros. Tonico e Tinoco gravaram composições como a valsa Me leva (parceria de 1960, com Priminho); As Galvão popularizaram o xote Velha história (1956); Cascatinha e Inhana pinçaram Rede de taboa (1960) e Ave Maria do sertão (1952); Renato Teixeira, em 1997, escolheu Você vai gostar, uma das mais tocadas de Elpídio dos Santos e que também faz parte da memória afetiva de várias gerações conhecida como Casinha Branca.

Além dos trabalhos mencionados no bloco anterior, o casal Oswaldinho e Marisa Viana também visitou os cadernos do luizense para lançar o álbum Viva Elpídio (2008); sete das 13 faixas de Cine Mazzaroppi, de Zé Paulo Medeiros (2002), são de Elpídio. Cláudio Lacerda também levou Rede de taboa para o disco Alma Caipira, mesma música que Dércio Marques preferiu para Fulejo (com o título Ranchinho Brasileiro), além de Você vai gostar, que também faz parte da discografia do grupo paranaense Viola Quebrada. Chico Teixeira, filho de Renato, revelou sua paixão por Saudade Danada em Mais um viajante; Ivan Vilela, Suzana Salles e Lenine Santos destacaram A dor da saudade, canção que dá título à antologia de Rezende, para um dos discos da série Caipira (veja lista mais detalhada em https://immub.org/compositor/elpidio-dos-santos).

Pai do cantor e compositor Negão dos Santos, um dos fundadores em Paraitinga do grupo Paranga, a obra de Elpídio dos Santos não se limita, entretanto, aos gêneros chamados “regionais” dentro do diversificado ramo da MPB. Um baião de sua autoria, Chegadinho, chegadinho, foi gravado por Dircinha Costa, com acompanhamento dele, ao violão, em 1954. Manakiriki, parceria com Mario Zan, é indicada como tupiana no selo do disco lançado em 1960 pelas Irmãs Celeste. Cai Sereno, composta em parceria com Conde, gravada por Mazzaroppi em 78 rpm, em 1955, e pela dupla Pena Branca e Xavantinho, em 1994, aparece em Uma dupla brasileira, dos irmãos Ramiro.

Afora contribuir para a preservação da música de vários gêneros, Elpídio dos Santos legou aos sete filhos músicos a tarefa de divulgá-la, tarefa que o Paranga cumpre desde 1973 à risca para ajudar a resgatar a memória musical de Paraitinga, incluindo as marchinhas tradicionais que animam o carnaval local até hoje. As contribuições à cultura popular de Elpídio dos Santos marca o repertório de Sérgio Reis (Lá no pé da serra, 1990); Fafá de Belém (Você vai gostar, 1993); e Juliana Caymmi (Vento Noroeste, 2010). A Companhia Navega Jangada de Teatro, de Santo André (SP), na estrada desde 2008, como resultado de pesquisas na área do teatro de animação, circo, corporeidade do ator e música a partir de 2006, produziu o musical Os Quatro Cantos de Elpídio.

A seguir, a apresentação do livro feita pelo seu orientador, Pedro Marques, Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor pela Unicamp. Professor de Literatura Brasileira da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp:

 “Alexandre Rezende e Almeida apresenta, em livro, sua pesquisa gestada no Programa de Pós-graduação em Letras da Unifesp. Não são poucas as qualidades a se frisar aqui, a começar pela organização de fontes primárias, uma riqueza de materiais textuais e visuais, de fotografias a páginas manuscritas, passando por recortes de jornais. Tudo em estilo comunicativo, de quem faz questão de informar os neófitos e de dialogar com os entendidos. O autor, de fato, superou o desafio inédito de estudar Elpídio dos Santos, um artista que fez dos gêneros caipiras um de seus braços de atuação como compositor, instrumentista e professor”.

Ivan Vilela, que assinou para o livro de Alexandre Rezende de Almeida, destaca a preciosidade do trabalho realizado por Alexandre Rezende Almeida: “certamente a publicação desta obra reforça o sentimento de valorização e pertencimento de todos os habitantes do Vale do Paraíba, bem como abre precedentes para futuros estudos de grandes compositores que passaram a vida fora das vitrines do mundo artístico midiático”.

Vilela é professor do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e pesquisador do Instituto de Etnomusieologia INET da Universidade de Aveiro (Portugal), entre outras atividades acadêmicas, além de um dos mais conceituados violeiros e compositores do país. É autor de Cantando a Própria História: Música Caipira e Enraizamento (Edusp).

 A Dor da Saudade, de Alexandre Rezende de Almeida, pode ser adquirido pelos email: contato@editoraunifesp.com e vendas@editoraunifesp.com, ou neste link: Outro caminho possível é pelo link ou pelo telefone +55 (11) 3385-4343 ramal 8393. A editora da Unifesp fica na Rua Sena Madureira, 1500, 5º andar, São Paulo, São Paulo, com CEP 04021-001.

Fonte: texto extraído Barulho d'Água Música, veículo de divulgação de cantores, duplas, grupos, compositores, projetos, produtores culturais e apresentadores de música independente e de qualidade dos gêneros popular e de raiz.