Edição 36 - Setembro/2023 | Editorial

A primavera das árabes no Brasil

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O projeto Literatura Brasileira no XXI tem fomentado a democracia sob diversos olhares. Em geral, as oficinas discutem o conceito em contexto brasileiro. Mas como o Brasil é constituído de diásporas, que jamais cessaram, temos este mês um debate sobre certa literatura árabe, cheia de similitudes com nossa realidade, sobretudo periférica.  

No amálgama cultural brasileiro, os árabes sempre marcaram presença. Em Portugal, antes mesmo do século XVI, esses povos chegaram por aqui desde os primeiros colonos livres, passando pelos escravos islamizados até os refugiados sírios contemporâneos. É constatado, por exemplo, que a língua que falamos e a poesia que entoamos seriam outras sem a parcela arábica.

Com a oficina “Romance Feminino Contemporâneo Árabe”, oferecida pela professora Anselma Garcia de Sales, grande pesquisadora de literaturas árabes e africanas, o público pôde conhecer narrativas tão distantes do solo brasileiro quanto irmanadas às disputas por território, identidade e direitos presentes em nosso cotidiano.  

Mulheres lutam por direitos e protagonismo na Palestina, no Egito e no Brasil. Mulheres escritoras, empreendedoras, operárias, artesãs, mães que lutam contra as violências de estado, mas também lidam com conservadorismos, machismos e conformismos dentro de suas próprias comunidades. Assenhorar-se de seus corpos, desejos, histórias e futuros, nesse sentido, é uma meta perseguida por mulheres da Cisjordânia a Paraisópolis.


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