Edição 34 - Julho/2023 | Editorial

A velha poesia sempre nova

O projeto Literatura Brasileira no XXI destaca a poesia como exercício da linguagem. Desde sempre, a poesia fala de tudo, tecnologia mais antiga que a própria escrita. A questão sempre foi como dizer em poesia. Na Guerra de Troia homérica, gregos são mais heroicos que troianos. Nos cânticos de Salomão, a amada é a mais bela e cheirosa de quantas pisaram o chão do mundo.

Com as democracias constitucionais, a partir do final do século XVIII, a poesia vai apresentar visões às vezes bem inusitadas, inclusive com o poeta versando contra sociedades ou instituições, sem necessariamente ser condenado. Nasce uma linhagem de poética social que passa por Castro Alves (1847-1871), Solano Trindade (1908-1974) e Dinha (1978-), professando igualdade de direitos entre as pessoas.

A seu tempo, grupos de poetas defenderam crenças e valores artísticos e culturais. Assim, Fernando Morato, notável pesquisador de Domingos Caldas Barbosa (1740-1800) e Manuel Inácio Silva Alvarenga (1749-1814), na oficina “Poesia e democracia: os caminhos da linguagem”, trabalhou poemas que sintetizam diversas práticas de poetas, leitores e ouvintes.

Tendências ditas árcades, românticas, simbolistas, parnasianas ou modernistas foram prodigiosas em compartilhar seus princípios de forma poética. Sim, a poesia se libera do passado imediato para criar o presente, fadado a ser recusado, parcial ou totalmente, pelos poetas vindouros. Sim, a flor-poesia murcha, muda a cor e sempre renasce, às vezes onde mesmo se espera.

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