Edição 07 - Abril/2021 | Tema

O brinquedo feito de papel que ensina, educa e emociona

Ilustração: Fernando Siniscalchi

É por meio da família e da escola que começamos a desenvolver o gosto pela leitura, principalmente a partir de nossos primeiros contatos com os livros.  Todo livro é carregado de uma história, e não me refiro a sua narrativa propriamente, mas ao livro em sua materialidade. Alguém o escreveu, alguém fez a arte da capa e o ilustrou, alguém pensou em seu formato, em seu papel, por exemplo. Quem ama ler, também ama o livro enquanto objeto carregado de simbologia, afetos, emoções sensoriais e sentimentos.

Foi com o objetivo de trazer um novo olhar para o livro, valorizando seus aspectos como um objeto também de arte, com o qual se pode brincar e se encantar, que iniciei os encontros na oficina “Um brinquedo chamado livro: as possibilidades do livro infantil que extrapolam a narrativa escrita”, ocorridos aos sábados de fevereiro de 2021.

O diálogo partiu de uma reflexão sobre a importância do livro em nossa sociedade. Mais do que isso, sobre as experiências do impacto do livro infantil em nossas vidas ou em outras pessoas, que de certa forma, nos rodeiam. As conversas giraram em torno, principalmente, do potencial do livro infantil, não só como fonte de narrativas, mas como potencial de um objeto artístico, um artefato afetivo, inclusive.

Ao longo dos outros encontros da oficina, tentei trazer à tona conhecimentos inconscientes sobre o design gráfico do livro, bem como suas ilustrações, o uso das cores, sua tipologia, sua diagramação. Fazendo uso de uma bibliografia ampla sobre o tema, fui mostrando alguns exemplares de livros infantis, sempre entrecortado com uma belíssima e tocante troca de depoimentos, exemplos e ensinamentos dos participantes.

Agora, terminado a oficina, essas leitoras nos oferecem resenhas de livros infantis. Nesses textos sensíveis, elas mostram a perspectiva de seu olhar que recai sobre o objeto estético e artístico, que toca o leitor não apenas por sua leitura, mas por suas sensações e emoções ao se olhar e tocar o livro. 

Por Fabiano Fernandes Garcez

Veja, a seguir, as resenhas produzidas como resultado da oficina “Um brinquedo chamado livro: as possibilidades do livro infantil que extrapolam a narrativa escrita”, ministrada em fevereiro pelo professor Fabiano Fernandes Garcez, dentro da programação da Biblioteca Parque Villa-Lobos

Carina Castro - Resenha A visita

Lila C. G. Vanzella - Resenhas Aperte aqui e Numa tarde quente de verão

Patricia Teixeira Dias - Resenha A casa da madrinha

Suelen Santana - Resenha Menino do Mato


Fabiano Fernandes Garcez é poeta e professor de língua portuguesa na rede municipal de ensino de São Paulo. É mestrando no curso de Letras na Unifesp e produtor e apresentador do “Sala de Leitura com Fabiano Fernandes Garcez” no Youtube. Assina, entre outros, os livros “Poesia se é que há” (2008), “Em meio aos ruídos urbanos” (2016)  e  “Badaladas de uma preliminar” (2020). 

Leia também

A Literatura do Brasil pelo Norte: 'Subjetividades Caboclas'

Para pensar sobre o tema das subjetividades caboclas (e em toda gama de valores consequentes dessa denominação), as obras da coleção Intérpretes do Brasil parecem ser um caminho interessante, pois elas, segundo o prefácio de Silviano Santiago (In: Intérpretes do Brasil, 3 v., 2002, p. XV), ...

Leia Mais!
O sertão múltiplo

                  Quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser continuamen...

Leia Mais!
Raízes, travessias e encontros: dois dedos de prosa caipira

Pode a cultura caipira produzir literatura de alto nível? Sim, claro... até porque o nível de uma literatura (se é que essa medida existe) deve passar pela compreensão de que ela, como diz Antonio Candido, é “o sonho acordado das civilizações”... Sonhar acordado, delirar, devanear, cont...

Leia Mais!
O que pesa na prosa?

Antes de responder à pergunta, falemos da noção de “peso” na literatura. Em Seis propostas para o próximo milênio (1988), Italo Calvino afirma que “se a ideia de um mundo constituído de átomos sem peso nos impressiona é porque temos experiência do peso das coisas; assim como não pode...

Leia Mais!
Perspectivas Pindorâmicas: literaturas Indígenas (sempre) contemporâneas

Aprendi com as mais velhas que não escrevemos sozinhas. Quando a caneta dança no papel-árvore-morta, ela dança ao som de muitas vozes. E foi assim que aprendi a ler literaturas indígenas, ouvindo as muitas vozes manifestas no texto. E foi assim que pensei a oficina Perspectivas Pindorâmicas: ...

Leia Mais!
Narrativas de Mulheres Negras à Margem da Democracia Brasileira

A oficina Narrativas de Mulheres Negras à Margem da Democracia Brasileira foi construída com base na leitura e análise de textos sobre a produção literária de autoras afro-brasileiras. Os textos analisados foram poemas e contos das autoras Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus, Conc...

Leia Mais!