Edição 49 - Outubro/2024 | Editorial

Amazônia pela Amazônia

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O projeto Literatura Brasileira no XXI volta ao Brasil Caboclo, um dos cinco complexos sociais abordados por Darcy Ribeiro (1922-1997), na obra Povo Brasileiro (1995). Se nossa primeira visita à região, tão grande quanto ainda mal conhecida pelas demais, colocou a prosa no centro, agora temos a chance de mergulhar em algumas poéticas amazônicas.

Desde a Colônia, a Amazônia povoava o imaginário de portugueses e espanhóis, em disputa pela área. Mesmo o Brasil independente, a partir de 1822, gerou visões estranhadas em autores como Euclides da Cunha (1866-1909) ou Raul Bopp (1898-1984). Havia tensão no olhar, a região que permitia certos símbolos nacionalistas, como o território continental dono da maior floresta planetária, não pertencia, na origem, ao Brasil Colônia, com sede em Salvador (1549-1763) e depois Rio de Janeiro (1763-1950).

É que a Coroa Portuguesa dividira, desde o século XVII, o atual território em duas unidades administrativas. Assim é que, no momento da independência, havia o Estado do Brasil (atual sul, sudeste, nordeste e parte do centro oeste) e o Estado do Grão-Pará e Maranhão (atual norte e parte do centro-oeste e nordeste), que depois de conflitos vários veio a se chamar apenas Brasil, o qual orginalmente possuía menos território, mas detinha a força política e econômica.

Tudo isso e muito mais precisamos saber quando lemos, por exemplo, a poesia que se entende amazônica, sobretudo a partir do século XX. É o que o professor, pesquisador e escritor Fadul Moura demostrou, com argúcia, na oficina “Amazônias poéticas: culturas, heterogeneidades, hibridismos”. Destaque para as sensíveis resenhas produzidas pelos participantes sobre o livro Estado de sítio (1968-2004), do poeta Aldisio Filgueiras (1947-). Curtam a leitura!

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