Edição 48 - Setembro/2024 | Editorial

O contar sertanejo

Freepik

O Brasil Sertanejo é um dos complexos sociais que, no livro o Povo Brasileiro (1995), Darcy Ribeiro (1922-1997) considera imprescindível para compreender a gênese do país. Se em março de 2024 tivemos a questão iluminada pela poesia, agora em setembro, o projeto Literatura Brasileira no XXI foca na prosa que narra os traços culturais e identitários da região Nordeste.

Local da primeira capital e epicentro econômico do Brasil Colônia por três séculos, do XVI ao começo do XIX, a região hoje tem o maior número de estados e o segundo contingente populacional da federação. Isso sem contar o número de imigrantes, com seus filhos e netos, que ajudaram a moldar, em todos os sentidos, o caráter de outras regiões, notadamente a Sudeste.

Nascidos ou não na Bahia ou Pernambuco, descendentes ou não de alagoanos ou paraibanos, o brasileiro é, conscientemente ou não, marcado pela cultura e história nordestinas. De engenheiros e pedreiros que construíram a atual capital Brasília, de políticos que governaram a nação, da música escutada desde o berço, da comida que nos dá energia e dos romances sem par em qualquer parte do globo, não há que se falar de Brasil sem a inspiração nordestina.

 E foi partindo da ideia de que há, de fato, um modo de narrar nordestino baseado no contar sertanejo, bem caraterizado em romance e contos do século XIX até hoje, que o professor, pesquisador e historiador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Cleber Vinicius do Amaral Felipe, montou a oficina “Dois ou três aspectos da prosa sertaneja”.

Nela, os participantes foram instigados a, criativamente, continuarem narrativas clássicas da nossa literatura. Assim é que a cachorrinha e os meninos de Vidas Secas (1938) podem nos surpreender em inusitados episódios, afinal, por aqui, todos gostamos de participar de uma boa prosa.

 

Leia também

Narrativas do Sul: leitura com olhos e ouvidos

Em O Povo Brasileiro (1995), Darcy Ribeiro desenha o Brasil Sulino como espaço diversificado, que tanto se espalha pelo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, quanto se conecta a migrações internas e externas. A pluralidade aí detectada, em que pese o território menor em comparação ao...

Leia Mais!
Autoria preta sobre todo assunto

Desde seu primeiro ano de existência (2020), o projeto Literatura Brasileira no XXI dedica um olhar especial ao vinte de novembro, Dia da Consciência Negra. Como neste ano propomos ações a partir da obra o Povo Brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro (1922-1997), foi natural conectar a presente of...

Leia Mais!
Amazônia pela Amazônia

O projeto Literatura Brasileira no XXI volta ao Brasil Caboclo, um dos cinco complexos sociais abordados por Darcy Ribeiro (1922-1997), na obra Povo Brasileiro (1995). Se nossa primeira visita à região, tão grande quanto ainda mal conhecida pelas demais, colocou a prosa no centro, agora temos a ...

Leia Mais!
O canto caipira do Brasil

A partir do Povo Brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro (1922-1997), o projeto Literatura Brasileira no XXI vem promovendo diversificadas oficinas em 2024. Já tivemos uma ação voltada à prosa caipira, abordando, por exemplo, a narrativa de Guimarães Rosa. Agora, fechamos o foco na poesia cantada...

Leia Mais!
Poesia para ler, ouvir, tocar, vestir...

Darcy Ribeiro conclui O Povo Brasileiro (1995) afirmando que o Brasil se tornara uma nova Roma tropical. “A maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e (...) também pela sua criatividade artística e cultural.” A capacidade social de receber e forjar novas humanidades, portan...

Leia Mais!
Canto que venta do Sul

Para Darcy Ribeiro (O Povo Brasileiro, 1995), a Brasil Sulino é a área mais heterogênea do país, estendendo-se pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Tal diversidade contrasta com a menor extensão desse território, se comparado ao Brasil Caboclo, e ocorre em apenas tr...

Leia Mais!