Edição 51 - Dezembro/2024 | Editorial
Narrativas do Sul: leitura com olhos e ouvidos
Em O Povo Brasileiro (1995), Darcy Ribeiro desenha o Brasil Sulino como espaço diversificado, que tanto se espalha pelo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, quanto se conecta a migrações internas e externas. A pluralidade aí detectada, em que pese o território menor em comparação ao Brasil Sertanejo, por exemplo, está ligado, ainda, à experiencia de trocas fronteiriça com outros países do Cone Sul.
Diante desse largo vale de possibilidades, a professora, teatróloga, pesquisadora e escritora Deise Abreu Pacheco, selecionou algo nada caricato: a leitura de narrativas LGBTI+ não apenas como afirmação de uma representatividade, mas como desvelar de certa sensibilidade em trânsito, principalmente do literário para o sonoro.
A oficina “Literatura com som na caixa: trilhas austrais brasileiras” se desenrolou de modo peculiar, ao acordar os ouvidos para o que canta em narrativas de Caio Fernando Abreu ou Carol Bensimon. Ler, nesse sentido, nos leva a constituir um universo imaginário repleto de gentes, cenários e fluxos, mas também de sonoridades, no caso brasileiro sobretudo cancionais, que nos tocam a todos.
As trilhas literário-sonoras que foram produzidas estão aqui para serem sentidas, no mínimo, com olhos e os ouvidos. Elas acordam as memórias que temos do rock tocado num longínquo aniversário, da balada que embalou aquele beijo inesquecível ou, ainda, da chuva que cantou nas telhas de um dia de finados qualquer.
Queridxs
ouvintes leitorxs, estejam convidadxs a caminhar com o som dos passos dessas
trilhas criadas por Francilene Monteiro da Silva, Jaquiceli Larroza Chafer, Mariana
Rodrigues e Sônia Regina Silva. E que a literatura brasileira, de todas as
regiões deste enorme Brasil, siga ecoando em nossas sensibilidades tão diversas
e aparentadas.
Foto: Freepik