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A (anti)festa do manifesto

Divulgação

Outubro marca alguns fatos decisivos da história brasileira. O mês testemunhou, por exemplo, a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas contra as oligarquias agrárias; a eleição turbulenta de Juscelino Kubitschek em 1955; a promulgação da Constituição de 1988, resposta da sociedade à inominável Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Eventos políticos que manifestaram certa ruptura com um passando por querer outro futuro. 

O projeto
Literatura Brasileira no XXI aborda o gênero manifesto, um tipo de texto que, migrando da arena política, trouxe para as artes um modelo propositivo de lidar com seus intentos. A partir do século XIX, trouxe, mesmo, um modo, no final das contas também político, de transformar, quando não destruir, o presente.  A oficina “Estudo do manifesto de vanguarda” debateu o manifesto como gênero literário. Discutiu o quão nosso modernismo, em certo sentido, produziu poucos manifestos e ações radicalmente vanguardistas, se comparado aos movimentos europeus que o inspirou. Destrinchou as posturas éticas e retóricas que definem o gênero, fazendo do manifesto não apenas um projeto, mas uma obra com valor em si própria. 

Sob os cuidados de Marcelo Moreschi, um dos pesquisadores mais dedicados e sensíveis ao assunto, os participantes, além da leitura crítica, foram instigados a criarem esse tipo de texto. Porque uma coisa é a pessoa fazer poesia, por exemplo, a partir de um manifesto alheio; outra, bem mais emancipatória, é manifestar seus desejos em palavras que hão de gerar outros tantos produtos literários, outros quantos outubros.

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