Edição 06 - Março/2021 | Editorial
A poesia está morta
A poesia está morta, dizem por aí. Não rende na bolsa, não ajuda na infraestrutura precária em que vive uma parte considerável da população mundial, sequer aplaca as dores da alma — quando muito, as potencializa. Em suma, um desserviço.
Contudo, a despeito do senso comum, não foi bem isso o que se viu na oficina ministrada por Érico Nogueira, "O poeta é um fazedor: ritmos antigos e versos contemporâneos", a mais recente novidade para o projeto Literatura Brasileira no XXI, que celebrou o dia mundial da poesia (21 de março para quem ainda não sabe).
O desafio é dos maiores, porque ata duas (dentre várias) pontas de um longo arco temporal, uma que se nutre de uma tradição antiga, latina, e outra mais nossa contemporânea. O combinado, como não poderia deixar de ser, é instigante porque nem o passado nem o presente saem os mesmos, renovados e amadurecidos ambos.
E pra quê isso tudo?, há de se perguntar o cético. Cada participante da oficina tem sua própria resposta, mas certamente nenhuma delas há de satisfazer o nosso senso comum dessensibilizado — o que só nos enche de alegria. A poesia está morta! Vida longa à poesia!