Edição 41 - Fevereiro/2024 | Editorial

Caipira: um causo do Brasil

Reprodução tela “Caipira picando fumo” (Almeida Júnior, 1893, Pinacoteca do Estado de São Paulo). Wikipedia.

Inspirado no Povo Brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro (1922-1997), o projeto Literatura Brasileira no XXI segue com seu novo ciclo. Depois da primeira ação mais panorâmica, a segunda concentra-se numa das cinco unidades geográficas, econômicas, étnicas e culturais do país: o Brasil caipira.

São Paulo foi o primeiro e principal irradiador dos valores caipiras, conforme seus habitantes expandiam as fronteiras da Colona Portuguesa pelo interior da América do Sul. Por chão e por rios eles farejaram riquezas, materializadas em nativos cativos, pedras preciosas, produtos do sertão e terras boas para o cultivo.

Longas viagens perigosas, muitas acompanhadas à viola, foram gestando narrativas e costumes, das maneiras de preparar habitações e comida, até os modos de cantar e contar o que se vivia e imaginava. Um legado presente nas canções de duplas como Zé Carreiro e Carreirinho ou Tonico e Tinoco, e na prosa de Valdomiro Silveira ou Guimarães Rosa.

Poeta, músico, pesquisador e professor, o piracicabano Fábio Casemiro, especialista no autor de Grande Sertão: veredas (1956), tocou a oficina “Dois dedos de Prosa: o caipira e a literatura brasileira”. Destacou, por exemplo, a capacidade para performar enredos de medo ou graça. Sem ser caraterística sua exclusiva, o caipira é um sabido contador de causos, vide o personagem Riobaldo e o ator Rolando Boldrin.

Assim, vale a pena chegar olhos e ouvidos ao que os participantes têm para contar.

 

 

 

 

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