Edição 33 - Junho/2023 | Editorial

Cartas pela democracia

Neste mês de junho, o projeto Literatura Brasileira no XXI destaca o papel das cartas para os sistemas políticos. O gênero epistolar, tão literário como o romanesco ou poético, é baseado em regras e praticado por muitos escritores relevantes ao longo do tempo. As cartas, na verdade, remontam ao próprio desenvolvimento da escrita enquanto intercomunicação familiar, política, diplomática, comercial ou religiosa.

Cartas ajudaram Paulo de Tarso a espalhar a boa-nova cristã. A carta de Pero Vaz de Caminha a D. Manuel, contando a chegada da esquadra de Cabral, foi tida como certidão de nascimento do Brasil. A Constituição de um país é cognominada “Carta Magna”. Certidões de casamento são consideradas cartas, aliás, o casal vai a um cartório para solicitá-las.

Com a oficina Cartas, história e democracia, o professor e pesquisador Emerson Tin frisou o valor das cartas, trocadas subterraneamente mesmo em regimes de exceção, para o cultivo da democracia. Autor de uma das principais obras sobre o assunto, A arte de escrever cartas (2005), ele tanto trabalhou o gênero no âmbito da imprensa, quanto o revelou como documento, assim a carta do suicida Getúlio Vargas.

Os participantes fizeram-se escritores de cartas, exercitando alguns de seus subgêneros, como a carta a partir do cárcere. E assim vamos envoltos, o tempo todo, num universo cartográfico, ainda que a troca de mensagens seja hoje mais eletrônica que física. Que você, leitor ou leitora, receba em paz essas missivas!

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