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Coral de gritos: música e canção

Equipe SP Leituras

Seguindo com a Semana de Arte Moderna de 1922, o projeto Literatura Brasileira no XXI destaca, em março, a música, justamente no mês de aniversário de 135 anos de Heitor Villa-Lobos. Protagonista musical da Semana, o maestro e compositor foi destaque na oficina “Do Modernismo à Tropicália: diferentes modos de escutar canção e música brasileira”, ministrada pelo músico e professor Gustavo Bonin.

Uma das ausências da Semana de 22 – que não poderia abraçar tudo que se produzida no Brasil da época – foi a canção popular. O gênero canção de consumo, tal como o curtimos hoje, além de não estar bem definido, sequer inspirava seriedade aos ouvidos modernistas. Já na canção de câmara, por exemplo, o impacto foi imediato, com músicos como o próprio Villa-Lobos e Lorenzo Fernandez, e depois Camargo Guarnieri e José Siqueira, musicando poemas de Manuel Bandeira e companhia.

Se as melodias, ritmos, ruídos e timbres brasileiros entrariam de vez no radar das gerações de compositores após 1922, muitas décadas se passariam para que os atores do campo popular fossem, de fato, influenciados pela legado músico-poético do modernismo. Ainda em 1931, Noel Rosa e Lamartine Babo chacoteavam a arte modernista ou futurista, que numa marcha satírica eles chamam de “A. B. Surdo”.

Bonin mostrou que os tropicalistas ampliaram o diálogo da canção popular com o modernismo, reunindo duas tendências defendidas na Semana: a poética como mescla de técnicas vanguardistas e oralidades cotidianas, presente em letras de Torquato Neto, Gilberto Gil ou Tom Zé; os métodos de composição e instrumentação europeias soando à brasileira, perceptíveis nos arranjos de Rogério Duprat, nas execuções dos Mutantes e de Lanny Gordin. Vale ouvir e ler tudo isso nas composições do passado e do presente!

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