Edição 18 - Março/2022 | Editorial

Coral de gritos: música e canção

Equipe SP Leituras

Seguindo com a Semana de Arte Moderna de 1922, o projeto Literatura Brasileira no XXI destaca, em março, a música, justamente no mês de aniversário de 135 anos de Heitor Villa-Lobos. Protagonista musical da Semana, o maestro e compositor foi destaque na oficina “Do Modernismo à Tropicália: diferentes modos de escutar canção e música brasileira”, ministrada pelo músico e professor Gustavo Bonin.

Uma das ausências da Semana de 22 – que não poderia abraçar tudo que se produzida no Brasil da época – foi a canção popular. O gênero canção de consumo, tal como o curtimos hoje, além de não estar bem definido, sequer inspirava seriedade aos ouvidos modernistas. Já na canção de câmara, por exemplo, o impacto foi imediato, com músicos como o próprio Villa-Lobos e Lorenzo Fernandez, e depois Camargo Guarnieri e José Siqueira, musicando poemas de Manuel Bandeira e companhia.

Se as melodias, ritmos, ruídos e timbres brasileiros entrariam de vez no radar das gerações de compositores após 1922, muitas décadas se passariam para que os atores do campo popular fossem, de fato, influenciados pela legado músico-poético do modernismo. Ainda em 1931, Noel Rosa e Lamartine Babo chacoteavam a arte modernista ou futurista, que numa marcha satírica eles chamam de “A. B. Surdo”.

Bonin mostrou que os tropicalistas ampliaram o diálogo da canção popular com o modernismo, reunindo duas tendências defendidas na Semana: a poética como mescla de técnicas vanguardistas e oralidades cotidianas, presente em letras de Torquato Neto, Gilberto Gil ou Tom Zé; os métodos de composição e instrumentação europeias soando à brasileira, perceptíveis nos arranjos de Rogério Duprat, nas execuções dos Mutantes e de Lanny Gordin. Vale ouvir e ler tudo isso nas composições do passado e do presente!

Leia também

Poesia para ler, ouvir, tocar, vestir...

Darcy Ribeiro conclui O Povo Brasileiro (1995) afirmando que o Brasil se tornara uma nova Roma tropical. “A maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e (...) também pela sua criatividade artística e cultural.” A capacidade social de receber e forjar novas humanidades, portan...

Leia Mais!
Canto que venta do Sul

Para Darcy Ribeiro (O Povo Brasileiro, 1995), a Brasil Sulino é a área mais heterogênea do país, estendendo-se pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Tal diversidade contrasta com a menor extensão desse território, se comparado ao Brasil Caboclo, e ocorre em apenas tr...

Leia Mais!
O preto em todos os Brasis

O Povo Brasileiro (1995), Darcy Ribeiro (1922-1997) fala do português como povo euro-africano, que vem implantar uma economia açucareira e escravista a partir, principalmente, do Nordeste. Mas para além da cor predominante na força de trabalho que fez rodar as engrenagens deste sistema, o chama...

Leia Mais!
Enorme Norte

Darcy Ribeiro (1922-1997), em O Povo Brasileiro (1995), estuda a predominância das populações caboclas na Região Norte do Brasil. Mesmo com a chegada de contingentes vindos da Europa e da África árabe e subsaariana, os povos originários determinaram cultural e geneticamente a maior parcela te...

Leia Mais!
O sertão em cada um

O Povo Brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro (1922-1997), vem norteando oficinas do projeto Literatura Brasileira no XXI. Neste mês de março, o foco é o Brasil Sertanejo, cujos traços culturais, econômicos e sociais são localizados pelo estudioso principalmente na região que hoje chamamos de ...

Leia Mais!
Caipira: um causo do Brasil

Inspirado no Povo Brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro (1922-1997), o projeto Literatura Brasileira no XXI segue com seu novo ciclo. Depois da primeira ação mais panorâmica, a segunda concentra-se numa das cinco unidades geográficas, econômicas, étnicas e culturais do país: o Brasil caipira.S...

Leia Mais!