Edição 43 - Abril/2024 | Editorial

Enorme Norte

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Darcy Ribeiro (1922-1997), em O Povo Brasileiro (1995), estuda a predominância das populações caboclas na Região Norte do Brasil. Mesmo com a chegada de contingentes vindos da Europa e da África árabe e subsaariana, os povos originários determinaram cultural e geneticamente a maior parcela territorial do país, ao mesmo tempo, nossa menor densidade demográfica.

Estudar ou figurar artisticamente o Norte, tão grande quanto pouco povoado, sempre foi dura tarefa mesmo aos locais. É que se voltarmos aos séculos coloniais, para quem morava no Sudeste, por exemplo, cidades como São Luís e Belém, além de estarem longe do Trópico de Capricórnio e mais próximas da metrópole, pertenciam a outra administração portuguesa: a colônia do Maranhão e Grão-Pará, fundada em 1621 em área hoje ocupada também por Amapá, Amazonas, Roraima e Tocantins.

Tais diferenças de origem politica, étnica e cultural em relação ao Brasil com capital em Salvador e depois Rio de Janeiro, ainda são incompreendidas e geradoras de tensões. Salutar, portanto, que o projeto Literatura Brasileira no XXI tenha recebido o olhar de Yurgel Pantoja Caldas, professor e pesquisador da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), para a oficina “A Literatura do Brasil pelo Norte”.

Falar do papel da cultura cabocla e de suas representações literárias, em português e línguas autóctones, é fundamental para entendermos as reais diversidades e dimensões do Brasil. Afinal, a grandeza dita continental não é apenas metáfora nacionalista, mas um desafio permanente de integração e autoconhecimento para governos, cidadãos, cientistas, intérpretes e escritores. Uma rica leitura!

 

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