Edição 32 - Maio/2023 | Editorial
Livros e Telas
Muitas obras literárias nos levam a pensar a democracia, como vem propondo o projeto Literatura Brasileira no XXI. E isso é tão forte que extrapola as páginas dos livros, que a partir do século XX começam a chegar ao público através de adaptações radiofônicas, teatrais, televisivas e, como destacamos neste mês, cinematográficas.
A história do cinema brasileiro contou, de fato, com a presença direta e indireta de narrativas, em princípio, criadas como romances, contos, poemas ou dramas. Não é demais lembrar que o único filme nacional a vencer o Festival de Cinema de Cannes foi O Pagador de Promessas (1962), adaptação de Anselmo Duarte para a peça de Dias Gomes.
Literatura e cinema somam-se em produções que denunciam as formas da violência. A oficina do professor e roteirista João Knijnik, “Adaptação cinematográfica no Brasil do século XXI”, tocou nas feridas abertas de nossa urbanização em Cidade de Deus (2002), filme de Fernando Meirelles e Kátia Lund a partir da obra de Paulo Lins, e na posse da terra ribeirinha em Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios (2011), filme de Beto Brant e Renato Ciasca a partir da narrativa de Marçal Aquino.
O trânsito das palavras de um livro para os sons e movimentos da tela, evidentemente, desafia, a começar da escrita do roteiro adaptado. Assim é que, nesta oficina, os participantes puderam exercitar essa arte tão complexa e que tem sido, em certo sentido, negligenciada pelo mercado da escrita criativa. Boa leitura e com pipoca!