Edição 26 - Novembro/2022 | Editorial

Modernismo: o negro

Reprodução A Negra, de Tarsila do Amaral

Em novembro, o dia da Consciência Negra sempre leva o projeto Literatura Brasileira no XXI às potências afros de nossa cultura literária. No caso específico da Semana de Arte Moderna de 1922, é fato que os negros eram poucos na audiência, e mesmo na proa do Movimento Modernista predominava a gente branca, em geral elitizada.

Mas na cabine de comando da Semana e Movimento, havia Mário Andrade, cujas gotas de sague negro geraram muito mais que os pulsantes “Poemas da Negra”. O modo como Mário concebia o mundo, sobretudo ao sentir a cultura brasileira, tinha uma triste alegria negra. Ao se debruçar na música popular, por exemplo, é sensível como, para ele, o tom negro dá o ritmo a tudo que canta nesta terra.

Na oficina “
Imagens Negras no Modernismo (de 1922 aos anos 1930)”, a professora Ligia Ferreira Fonseca, uma vez mais, fez o rigor da pesquisadora nata atender o chamado da sensibilidade negra. Nesta baila, embalou o olhar dos participantes sobre o modernismo. A Tarsila do Amaral, que descobre os seios afros de sua pintura, deu as mãos ao Mário de Andrade, que lhe emprestou os óculos de ver outros brasis.

Estava e está feito o convite para uma das danças afro-brasileiras, que aqui é modernista, mas que pode dar em tantas outras festas. Por enquanto, sem deixar cair a dolorosa memória do 20 de novembro, felicidade aqui é negra.

 

 

Leia também

Poesia para ler, ouvir, tocar, vestir...

Darcy Ribeiro conclui O Povo Brasileiro (1995) afirmando que o Brasil se tornara uma nova Roma tropical. “A maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e (...) também pela sua criatividade artística e cultural.” A capacidade social de receber e forjar novas humanidades, portan...

Leia Mais!
Canto que venta do Sul

Para Darcy Ribeiro (O Povo Brasileiro, 1995), a Brasil Sulino é a área mais heterogênea do país, estendendo-se pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Tal diversidade contrasta com a menor extensão desse território, se comparado ao Brasil Caboclo, e ocorre em apenas tr...

Leia Mais!
O preto em todos os Brasis

O Povo Brasileiro (1995), Darcy Ribeiro (1922-1997) fala do português como povo euro-africano, que vem implantar uma economia açucareira e escravista a partir, principalmente, do Nordeste. Mas para além da cor predominante na força de trabalho que fez rodar as engrenagens deste sistema, o chama...

Leia Mais!
Enorme Norte

Darcy Ribeiro (1922-1997), em O Povo Brasileiro (1995), estuda a predominância das populações caboclas na Região Norte do Brasil. Mesmo com a chegada de contingentes vindos da Europa e da África árabe e subsaariana, os povos originários determinaram cultural e geneticamente a maior parcela te...

Leia Mais!
O sertão em cada um

O Povo Brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro (1922-1997), vem norteando oficinas do projeto Literatura Brasileira no XXI. Neste mês de março, o foco é o Brasil Sertanejo, cujos traços culturais, econômicos e sociais são localizados pelo estudioso principalmente na região que hoje chamamos de ...

Leia Mais!
Caipira: um causo do Brasil

Inspirado no Povo Brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro (1922-1997), o projeto Literatura Brasileira no XXI segue com seu novo ciclo. Depois da primeira ação mais panorâmica, a segunda concentra-se numa das cinco unidades geográficas, econômicas, étnicas e culturais do país: o Brasil caipira.S...

Leia Mais!