Edição 05 - Fevereiro/2021 | Editorial

O bloco das crônicas

Foto: Equipe SP Leituras.

Em razão científica, a pandemia também barrou a principal expressão de ruas e salões do país. Em 2021 o folião precisará pular nas páginas, correr atrás do trio elétrico da imaginação. O Carnaval faz falta, porque a diversão também é um direito do povo, porque é a festa mais democrática do país. Pouco importa o dinheiro no bolso, quando a folia se espalha por calçadas e praças, todo estão convocados, ainda que só como rostos nas janelas.

O Carnaval é a festa do corpo que dança junto, este corpo na mira da Covid-19. Assim, é preciso preservá-lo, porque há muitos carnavais pela vida adentro. Mas se o corpo precisa de sossego, enquanto a vacina não chega de vez, a mente pede passagem. Como um dos fatores mais constitutivos da cultura brasileira, o Carnaval não poderia faltar como um dos destaques da nossa literatura desde sempre.

Tal evento, também objeto da sociologia e da antropologia, desfilou pela oficina “História e escrita de crônicas: um percurso pelo Carnaval a partir da produção cultural realizada no Brasil”. Uma verdadeira visita guiada por Danielle Crepaldi Carvalho, através de máscaras, perfumes, imagens e narrativas que povoaram e povoam o imaginário de gerações. E, de fato, dificilmente se explica ou se vivencia o Brasil sem entender o Carnaval enquanto fenômeno artístico, mas também religioso, comportamental, político e até econômico.

Neste Carnaval, você está convidado e curtir este bloco de crônicas, direto de nossa última oficina. Há enredos para muitos gostos, há seduções memoráveis, confissões inusitadas. Se “o importante é ser fevereiro”, como canta a letra do samba, ainda mais relevante é manter o corpo vivo e seguro. Enquanto o bloco da vacina não termina de passar, vamos ler estas deliciosas crônicas em serpentinas. E que elas nos inspirem a lembrar de nossos carnavais vividos na rua! E a ler a desfilar por tantos outros livros!


Leia também

Autoria preta sobre todo assunto

Desde seu primeiro ano de existência (2020), o projeto Literatura Brasileira no XXI dedica um olhar especial ao vinte de novembro, Dia da Consciência Negra. Como neste ano propomos ações a partir da obra o Povo Brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro (1922-1997), foi natural conectar a presente of...

Leia Mais!
Amazônia pela Amazônia

O projeto Literatura Brasileira no XXI volta ao Brasil Caboclo, um dos cinco complexos sociais abordados por Darcy Ribeiro (1922-1997), na obra Povo Brasileiro (1995). Se nossa primeira visita à região, tão grande quanto ainda mal conhecida pelas demais, colocou a prosa no centro, agora temos a ...

Leia Mais!
O contar sertanejo

O Brasil Sertanejo é um dos complexos sociais que, no livro o Povo Brasileiro (1995), Darcy Ribeiro (1922-1997) considera imprescindível para compreender a gênese do país. Se em março de 2024 tivemos a questão iluminada pela poesia, agora em setembro, o projeto Literatura Brasileira no XXI fo...

Leia Mais!
O canto caipira do Brasil

A partir do Povo Brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro (1922-1997), o projeto Literatura Brasileira no XXI vem promovendo diversificadas oficinas em 2024. Já tivemos uma ação voltada à prosa caipira, abordando, por exemplo, a narrativa de Guimarães Rosa. Agora, fechamos o foco na poesia cantada...

Leia Mais!
Poesia para ler, ouvir, tocar, vestir...

Darcy Ribeiro conclui O Povo Brasileiro (1995) afirmando que o Brasil se tornara uma nova Roma tropical. “A maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e (...) também pela sua criatividade artística e cultural.” A capacidade social de receber e forjar novas humanidades, portan...

Leia Mais!
Canto que venta do Sul

Para Darcy Ribeiro (O Povo Brasileiro, 1995), a Brasil Sulino é a área mais heterogênea do país, estendendo-se pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Tal diversidade contrasta com a menor extensão desse território, se comparado ao Brasil Caboclo, e ocorre em apenas tr...

Leia Mais!