Edição 44 - Maio/2024 | Editorial
O preto em todos os Brasis
O Povo Brasileiro (1995), Darcy Ribeiro (1922-1997) fala do português como povo euro-africano, que vem implantar uma economia açucareira e escravista a partir, principalmente, do Nordeste. Mas para além da cor predominante na força de trabalho que fez rodar as engrenagens deste sistema, o chamado Brasil Crioulo, do passado ao presente, constitui uma cultura e um clamor por igualdade de direitos.
É apropriado que os textos produzidos na oficina da professora e pesquisadora Lilian do Rocio Borba, que tanto já contribuiu com o projeto Literatura Brasileira no XXI, sejam publicados em maio, cujo dia treze marca a Abolição da Escravidão (1888). Os encontros de “O povo brasileiro na literatura, construindo identidades”, de fato, refletiram sobre as condições de personagens subalternizados, desenhados por escritoras e escritores afrodescendentes.
Textos de escreviventes do passado, como Machado de Assis (1839-1908), Lima Barreto (1881-1922) e Carolina Maria de Jesus (1914-1977), e contemporâneos, como Conceição Evaristo e Luz Ribeiro, contribuem para pensarmos nas estratégias de luta, socialização e identificação de um povo que, tendo ajudado a construir o país, ainda carece ter reconhecimento enquanto artista, empreendedor, pensador, político, enfim, cidadão brasileiro.
Sintam-se, portanto, todos e todas bem chegados para a leitura desse material, composto de resenhas, depoimentos, narrativas e fundas reflexões. Aproveitem e pensem à vontade!