Edição 07 - Abril/2021 | Editorial
Quem quer brincar de livro?
Livros
costumam ser caixinhas de surpresas sensoriais e imagéticas. Em aulas, estudos
ou leituras compartilhadas, comentamos muito a narrativa ou a temática de um
volume. Falamos, ainda, da forma desse conteúdo, se é bonito ou feio, estranho
ou agradável, tocante ou engraçado.
Mas
livro também é objeto e às vezes objeto de arte, por sua beleza física. Livro
tem cheiro, tamanho, paleta. Para criancinhas tem até sabor... Faz diferença
ler um capítulo de Graciliano Ramos em papel jornal, em letras miúdas? A leitura
é mais gostosa se o papel for grosso, táctil, palavras espaçadas com desenhos
de Aldemir Martins?
Em
muitos casos, não apenas faz toda diferença como a materialidade do livro é sua
própria identidade. É o que buscou discutir Fabiano Fernandes Garcez na oficina "Um brinquedo chamado livro: as possibilidades do livro infantil que extrapolam a narrativa escrita". Dela, brotaram
mil reflexões que, sem ignorar o conteúdo verbal, revelaram que cores, formas e
gramaturas influem na percepção do leitor.
Tudo
isso entra em jogo em livros ditos adultos, tais como "Vidas secas". Mas na arte de fazer livros infantis, parece
imprescindível que a palavra impressa conte com sugestões de volume e
profundidade. Páginas de Lygia Bojunga Nunes ou Antonio Prata funcionando
como salão de festa para
olhos, corações e mentes. Neste mês em que temos o Dia Nacional do Livro
Infantil, em 18 de abril, venha brincar de livro!