Edição 13 - Outubro/2021 | Editorial

Um salve a quem ensina!

Foto: Equipe SP Leituras

Para quase todos, as primeiras letras e palavras começam na escola. O amor pela leitura de livros e de seres também costuma vir pelas mãos de professores, mesmo quando há falta de bibliotecas, pouco incentivo familiar e social, preço impeditivo do livro e, pior, vinga a ideia de que ler é perigoso para o pobre ou para o não especialista. 

Em O triste fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto combate tal crença, útil a quem deseja subjugar o povo pela ignorância. Quando o Major Quaresma passa a estudar e a constituir acervo de obras, herda o desafeto do Doutor Segadas, que não admitia livros em mãos de quem não fosse formado em faculdade. Denuncia ele os endinheirados sem espírito coletivo, em geral medíocres mas bem “arranjados”, a defender que leitura enlouquece. É a sua fina ironia para provar, por inversão, que leitura, na real, esclarece.

A oficina Professores personagens da literatura: textos sobre outros textos, ministrada por Lilian do Rocio Borba, tratou de dar vida a mestres e mestras que, tendo nascido em páginas literárias, almejam a dignificação do humano, movem-se pela justiça. Bibiana, de Torto Arado, abre as janelas da literatura e da vida a seus alunos, seus iguais no mundo. Já Alice, de Quarenta Dias, costura extremos. A viagem do autoconhecimento é da menina, mas também da senhora aposentada, cujo valor não se encerra numa conta da previdência social. 

No fundo, uma delicada homenagem ao 15 de outubro, Dia do Professor. Essas personagens, homens e mulheres, que nos ensinam a ler sonhos, a ter ciência da injustiça. Desrespeitados pelos que ganham com a cegueira do hoje, são amados por quem descobrirá o amanhã. Um salve a quem ensina!


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