Quarenta
e cinco anos depois do lançamento de 26 poetas hoje ― antologia que marcou
época e se tornou um documento incontornável dos anos 1970 ―, Heloisa Buarque
de Hollanda se perguntou: quem está fazendo a poesia agora? Ao se dar conta da
surpreendente presença das mulheres, cada uma com sua dicção e seu estilo,
Heloisa reuniu vozes de uma geração pulsante e combativa, que impressiona pela
força, pela coragem e pelo talento. As 29 poetas hoje é uma antologia que fala
sobre identidade, sexo, amor, fúria, política e o Brasil de agora.
Participam:
Adelaide Ivánova; Maria Isabel Iorio; Ana Carolina Assis; Elizandra Souza;
Renata Machado Tupinambá; Bruna Mitrano; Rita Isadora Pessoa; Ana Fainguelernt;
Luz Ribeiro; Danielle Magalhães; Catarina Lins; Érica Zíngano; Jarid Arraes;
Luna Vitrolira; Mel Duarte; Liv Lagerblad; Marília Floôr Kosby; Luiza Romão;
Raissa Éris Grimm Cabral; Cecília Floresta; Natasha Felix; Nina Rizzi;
Stephanie Borges; Regina Azevedo; Valeska Torres; Bell Puã; Yasmin Nigri; Dinha
e Marcia Mura.
Este
livro foi composto para ser uma homenagem justa ao trabalho da professora Tânia
Alkmim. A obra transcende esse objetivo, ganhando uma estatura independente, de
vida própria, como devem ser, no final das contas, os livros de homenagem. Em
seus capítulos, o leitor encontrará artigos escritos por pesquisadores de
diversas formações, em exercícios analíticos sobre o funcionamento da relação
entre língua e sociedade. Seja para quem é especialista na área dos estudos
linguísticos, seja para quem não é, a publicação, no seu conjunto, constitui
uma leitura muito prazerosa, pela erudição que os textos apresentam e pela
forma clara e cativante como são escritos. Uma questão – pode-se dizer –
atravessa todos os textos: a identidade pela língua. Mas não espere o leitor um
rebater de martelo em cima de prego já posto: os textos abrem perspectivas
instigantes e trazem estudos de caso de interesse pontual sobre a questão mais
ampla, passeando por temas caros ao estudo do léxico, da variação linguística,
do contato entre línguas, do discurso e da aprendizagem de escrita.
A obra aborda, sem meias palavras, a pobreza e
a violência urbana que a acometem população afro-brasileira. Sem
sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, os
contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga
Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma
mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados
instantâneos da vida? Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências,
mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que,
lemos no conto “O Cooper de Cida”, a “corda bamba do tempo”. Em Olhos d’água
estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e
mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais,
existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a condição
humana. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as
duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.
A antologia Querem nos
calar: poemas para serem lidos em voz alta reúne poesias de 15 mulheres slammers
de todas as regiões do Brasil. Os chamados poetry slams chegaram ao
Brasil pelas mãos de Roberta Estrela D’Alva, em 2008, e são batalhas de poesia
falada com temática livre que tem como destaque temas como racismo, machismo e
desigualdade social. Com prefácio de Conceição Evaristo, o livro conta também
com ilustrações de Lela Brandão e é organizado pela escritora Mel Duarte,
autora de uma das performances de maior destaque da FLIP 2016 e integrante do
Slam das Minas - SP.
“As
nossas falas de mulheres e notadamente a das mulheres negras podem ser
agregadas como refrão às vozes desta antologia. Querem nos calar: poemas para
serem lidos em voz alta, é uma escrita em confronto ao silenciamento que buscam
impingir sobre nós.” (Conceição
Evaristo)
O autor Paulo Scott, conhecido por abordar temas relevantes da realidade brasileira, como o preconceito racial, concedeu entrevista ao jornalista Manuel da Costa Pinto, no Segundas Intenções, na Biblioteca de São Paulo, em 2022. Confira!
Vidas negras importam. E, aqui, elas são celebradas. No podcast Vidas Negras duas escritoras narram suas histórias: Carolina Maria de Jesus e Eliana Alves Cruz. Ouça!